é nessa hora que vida vem cobrar
sem patente ou estirpe, sem privilégios a dar
é onde se encontram todos os visitantes
sem classe, mendigos, anônimos e importantes
o inevitável destino, o fim de animais e humanos
paulistas, belo horizontinos, cariocas e baianos
o fim da linha, passagem para o além, ceticismo de ateu
dançou o agiota, o crediário, o que se emprestou ou vendeu
é nessa hora que vida vem cobrar
por gentileza, sorte ou mero azar
o duro ou quem tudo na vida conquistou
quem por força maior, menor, a rua atravessou
o espetáculo deste palco tem sempre hora pra acabar
as cortinas se fecham, último episódio a recordar
o dia derradeiro, nem o empresário, nem o pedinte
o último suspiro, será no dia seguinte?
é nessa hora que o fôlego vem faltar
na saúde pública, na hora de se aposentar
todos se igualam pela limitação da existência
nossa vida frágil atropelada pela violência
morte súbita, matada ou morrida, passional
bala perdida, tiroteio, avançou o sinal
o bom cidadão, o inocente, o culpado, o criminoso
o dono da padaria, o motorista, o religioso
Adriano Yamamoto (Data: 08/01/2013)